Uma artista lendária dos EUA, a cantora e atriz Lena Horne, morreu no último domingo (9) em Nova York. Ela tinha 92 anos. Em uma carreira que durou 60 anos, Horne quebrou barreiras entre Afro-americanos no cinema e na televisão, assim como nos palcos de Las Vegas à Broadway. Foi uma carreira que começou com frustração e terminou em triunfo.
Em 1981, depois de mais de 40 anos no show business, Horne subiu ao palco da Broadway para o que seria sua mais gloriosa apresentação com "Lena Horne: A Dama E Sua Música", que ficou em cartaz por mais de um ano e lhe rendeu um Prêmio Tony. No show, a cantora desabafou sobre as dificuldades únicas de ser um dos primeiros astros negros do cinema. Por exemplo, os Produtores Executivos de Estúdio não acharam que ela parecia escura o suficiente na tela. Então, eles recorreram ao lendário maquiador Max Factor, para encontrar alguma solução. Em entrevista, Horne disse: "Ele falou "Ok, eu vou dar uma chance", foi embora, voltou cerca de duas semanas mais tarde com essa maquiagem, Max criou para mim, foi nomeada de Egípcio Claro. Eles pegaram esse Egípcio Claro; colocaram por toda a Ava Gardner e deram a ela o meu papel, Julie (Na versão em filme de Show Boat, de 1951) que eu realmente queria atuar".
Perder o papel de Julie, para sua amiga Gardner, foi apenas uma das muitas oportunidades que passaram por Horne em Hollywood. Ela se recusou a fazer peças como ajudante e empregada, o que reduziu sua carreira no cinema. Mas quando Hollywood a reprovava, ela sempre pôde contar com a música.
Horne começou sua carreira em 1930 no coro do lendário Cotton Club. Ela se tornou a primeira cantora negra a frente da banda-toda-branca de Charlie Barnet. Depois, conseguiu uma ponta interessante em um filme de 1942. No ano seguinte, ela estrelou no filme Stormy Weather, no mesmo ano, pela MGM, Horne estrelou o musical Cabin in the Sky, no qual todos os atores eram negros. Porém, em vários outros musicais do estúdio, ela atuou somente como membro das "Big Bands" para que as cenas nas quais ela aparecesse pudessem ser cortadas nos estados mais racistas, como nos filmes "I Dood It", "Thousands Cheer" e "Swing Fever" (1943); "Broadway Rhythm" (1944) e "Ziegfeld Follies" (1946).
Horne tem poucos papéis principais. Sua militância, e sua amizade com Paul Robeson, fizeram ela passar a ter uma lista negra. Ela conquistaria Hollywood, Horne tomou conta do nightclub stage (palcos de clubes noturnos) e da televisão. Ela era uma convidada frequente em quase todos os programas de variedades nas décadas de 1950, 60 e 70. O crítico de jazz do Wall Street Journal, Will Friedwald, disse que Horne encerrou sua carreira na década de 90, em seu auge. "Nos primeiros trabalhos, ela sempre tentava experimentar tudo, tentando estabelecer as coisas, realmente trabalhando para ganhar atenção", diz Friedwald. "E em seus últimos trabalhos, ela meio que relaxou e deixou acontecer."
Nos anos 60, Horne foi uma das celebridades mais visíveis nos movimentos de direitos civis, contra a segregação racial. Em 2002, quando Hale Berry se tornou a primeira mulher negra a ganhar o Oscar, em seu discurso ela agradeceu a Horne. "Este momento é para Dorothy Dandridge, Lena Horne, Diahann Carroll. (...) É para cada mulher negra, sem nome nem rosto, que agora tem uma chance nesta noite. Porque esta porta foi aberta".
Nos anos 60, Horne foi uma das celebridades mais visíveis nos movimentos de direitos civis, contra a segregação racial. Em 2002, quando Hale Berry se tornou a primeira mulher negra a ganhar o Oscar, em seu discurso ela agradeceu a Horne. "Este momento é para Dorothy Dandridge, Lena Horne, Diahann Carroll. (...) É para cada mulher negra, sem nome nem rosto, que agora tem uma chance nesta noite. Porque esta porta foi aberta".
Em um trecho de Lena Horne: A Dama E Sua Música, ela admite, "Eu me senti mal por um tempo, cerca de 12 anos. Eu superei. Sabia que a vida continuava. A história estava tentando me alcançar."
A história me alcançou eventualmente.
Obrigado Mizuko. Fonte: NPR
1 comentários:
Eu a conheci hoje, triste. Tem uma voz linda (mas seu vibrato rápido me incomoda um pouco) e uma história impressionante. Espero que esteja bem.
De nada =*
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